Diálogos sem-noção na livraria
Viver entre livros é para certas pessoas (quisera poder dizer "para todas as pessoas") uma experiência paradisíaca. Mas nem sempre. Os livreiros podem testemunhar. Alguns fregueses sem-noção fazem perguntas, consultas e pedidos que tiram um santo do sério.
O jeito é rir e fazer rir para não transformar em inferno o paraíso. Como no livro de Lilian Dorea (seu nome na web é Hillé Puonto), [manual prático de bons modos em livrarias], pela Seoman, de 2013. No Facebook: http://migre.me/ivw3r
Em vez de praticar a grosseria... ria! O lema do livreiro inteligente, diz a autora, é: "Rir para não cortar os pulsos". Os diálogos sem-noção recriados mostram que a falta de cultura tem salvação. A salvação é pegar na deixa, como nos desafios dos cantadores nordestinos: retomar a poesia com o final do verso anterior. O livreiro, desafiado, torna-se educador.
Leitores que fazem consultas sem-noção vão aprendendo como se movimentar no labirinto das estantes. Amostra grátis (pág. 152):
LIVREIRA: Livraria X, boa tarde.
FREGUESA: Boa tarde, é da seção de Mitologia?
LIVREIRA: Oi, boa tarde. Não, mas eu posso ajudar a senhora.
FREGUESA: Ai, filha, sabe o que é?
LIVREIRA: Hum.
FREGUESA: Então, estou procurando um dicionário de Mitologia, mas não lembro qual é.
LIVREIRA: Hum.
FREGUESA: Você pode olhar os que têm aí na livraria e separar todos que tiverem a palavra "centauro". Daí mais tarde eu dou um pulo aí para dar uma olhada.
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