terça-feira, 29 de maio de 2012

Doses de Oscar Wilde

Numa postagem de 2011 eu falei brevemente sobre o livro Nietzsche para estressados, de Allan Percy (Editora Sextante, 2011). Desse mesmo autor, temos agora Oscar Wilde para inquietos.

A proposta é a mesma: 99 frases comentadas para fazer o leitor refletir em seu estilo de vida. Se os estressados podem encontrar em Nietzsche critérios para vencer os ressentimentos e as queixas, os inquietos vão descobrir em Wilde que um pouco de elegância e apego ao momento presente ajudam a manter a calma e apreciar as verdadeiras riquezas da vida.

Oscar Wilde era paradoxal, inconveniente, incoerente, irônico, mordaz e crítico implacável das hipocrisias sociais. Amante da beleza e do prazer, denunciava: sabemos o preço de tudo, mas não sabemos o valor de nada!

De fato, algumas doses de Wilde serão úteis para aqueles que passam o dia preocupados e atarefados com tantas coisas importantes e urgentes, mas esquecem de valorizar a única coisa realmente essencial — estar vivo...

sábado, 26 de maio de 2012

Palavras sumidas sempre reaparecem

Hoje em dia ninguém mais deixa o outro no chinelo, ninguém mais fica jururu, ninguém mais usa japona, ninguém mais mora no cafundó do Judas, ninguém mais é muquirana.

Descobri que ainda uso essas palavras ou pelo menos as reconheço facilmente. Mas não pertencem a este nosso tempo, não frequentam nossas conversas reais ou virtuais. Jururu, muquirana e outras tantas palavras andam sumidas, embora reapareçam vez ou outra.

Reaparecem no Pequeno dicionário brasileiro da língua morta, do jornalista Alberto Villas. A Editora Globo acaba de lançar. O autor explica tudo, tim-tim por tim-tim, e ainda traduz as antigas e mortas pelas novas e saltitantes. É que as noções são as mesmas, mudam os termos.

O pirralho virou moleque. O maioral hoje é o cara. O laquê desapareceu, agora é gel. O que antes era gorar agora é micar. O que era estapafúrdio atualmente é bizarro.

Palavras mortas, ou quase mortas. Sumidas, mas de repente voltam. "Bacana" tinha sumido, e não é que voltou? Este livro é bem bacana, morou?

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Errar é autenticamente humano!

Errar não é um episódio esporádico na vida humana. Ao contrário, o ser humano é um ser que se equivoca, é um ser errante, errático, erradio.

Não admitir que erramos ao longo do dia (e todos os dias) é um erro a mais em nosso currículo! Tentar convencer os outros (e a nós mesmos) de que não nos equivocamos constantemente é um novo equívoco!

Somos manipuláveis, falhamos sem perceber (ou sempre temos uma razão que elimina a gravidade de nossas falhas), andamos iludidos até o fim da vida, acreditando, porém, que os outros, sim, estão mergulhados na ignorância, na burrice ou nas más intenções.

Estas frases nasceram de minha leitura de Por que erramos?, de Kathryn Schulz, jornalista e escritora norte-americana. O livro foi publicado em 2011 pela Editora Larousse.

A autora surpreende por seu talento filosófico. Argumenta com segurança, articula informações científicas com fatos históricos, faz o leitor pensar. É uma estudiosa da errologia, ciência (sem pedigree) fundamental para que superemos o perfeccionismo ilusório.

A erróloga Kathryn Schulz
Um trecho (pág. 34) como aperitivo:

Para que o erro nos ajude a ver as coisas de maneira diferente, contudo, temos primeiro de vê-lo de maneira diferente. Esse é o objetivo deste livro: promover uma intimidade com a nossa própria falibilidade, expandir nosso interesse e vocabulário para falar sobre nossos erros e nos determos por algum tempo dentro da normalmente fugaz e efêmera experiência de errar.