domingo, 15 de abril de 2012

Uma poeta polonesa

Li um poema de Wislawa Szymborska (1923-2012) na ocasião em que esta escritora polonesa ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1996. No ano passado, a Cia. das Letras publicou uma coletânea de seus poemas, com tradução de Regina Przybycien.


A impressão que tive 15 anos atrás se confirmou. A poeta conhece por dentro o drama de termos nascido humanos. Num de seus poemas, bate à porta da pedra. Pede para entrar. A pedra não abre, alegando que está fechada, que não tem portas, que continuará vivendo de costas para a poeta.


Proibida de entrar no mundo da pedra, também não conseguirá entrar no mundo da folha ou da gota d'água. Pior do que estar num beco sem saída é não poder sequer entrar. Recusas experimentamos sempre.


Para ela, há um ou dois poetas em cada grupo de mil pessoas. Dado intuitivo, impossível de contestar ou corroborar. Mas certamente ela é uma poeta.


E vejam este poema:    


                    
As três palavras mais estranhas

                     Quando pronuncio a palavra Futuro,
                     a primeira sílaba já se perde no passado.

                     Quando pronuncio a palavra Silêncio,
                     suprimo-o.

                     Quando pronuncio a palavra Nada,
                     crio algo que não cabe em nenhum não ser.

2 comentários:

  1. Lindo lindo lindo. Professor, sou grata por existir a internet e poder ler suas palavras, que sempre trazem boas novas pra mim e pra todos os outros que os leem. Obrigada!

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  2. É, sem dúvida alguma, uma honra poder compartilhar suas palavras professor. O farei sempre que puder.Mais e mais sucesso!

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