Nota para a 5ª edição


"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai,
sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar."

(Bertolt Brecht)


O título sugere evolução: ler (uma sílaba), pensar (duas) e escrever (três sílabas). Como se a cada etapa avançássemos um passo, transbordássemos um pouco mais. A leitura, a reflexão, a expressão escrita. A busca, a assimilação, a produção. A recepção ativa, a elaboração de um sistema pessoal de convicções, o compartilhamento.

Este livro, publicado em 1996, após mais de uma década viajando de mãos em mãos, pedia uma revisão profunda. Não só do texto. Também o autor teria de revisar-se, rever-se corajosamente. Uma revisão desse tipo envolve cortes e trocas, ampliações e atualizações. Quem vive, tem o compromisso de evoluir, corrigir-se e melhorar. As páginas que seguem, para continuarem vivas e significativas, destinadas a despertar em nós o leitor-pensador-escritor, requeriam esse esforço, doloroso e prazeroso ao mesmo tempo.

As mudanças refletem andanças. Andanças entre livros e cidades, ouvindo todo tipo de pessoas, conversando com amigos e autores, com alunos e professores, aprendendo e desaprendendo, e aprendendo novamente a ler, pensar e escrever.

Mas nenhuma mudança existe sem a preservação do essencial. Só faz sentido falar em modificações se houver uma base, um substrato que nos permita identificar essas modificações. E que nos permita igualmente reconhecer os princípios e ideias originais.

O que está na origem, e impulsionou este livro, permanece presente e intacto: elogiar a leitura, motivar a reflexão e convidar à escrita.