Não aconselho que as pessoas se insultem, mas se você quiser xingar alguém, então faça com propriedade. Consulte o Dicionário brasileiro de insultos, de Altair Aranha (Ateliê Editorial, 2002).
Eu o comprei faz exatamente dez anos, e garanto sua utilidade. Toda vez que alguém me xinga, vou ver o que o xingador queria dizer exatamente...
Em geral, o mentecapto (estou xingando o xingador de alienado e louco) não sabe a definição correta do xingamento que escolheu e comete uma lamentável imprecisão semântica. E isso é grave.
Cada insulto deve ser aplicado ao insultado na medida certa.
Chamar alguém de e.t. é dizer que o sujeito é muito estranho, mas chamá-lo de bicho-do-mato é afirmar que se trata de uma pessoa retraída, esquisitona.
O camarada que não sabe insultar revela-se um autêntico desbocado! Um xingamento fajuto não presta, e, se não presta, pode acabar se voltando contra o próprio xingador.
Portanto, sejamos honrados e elegantes: xingar direito é um dever do bom topetudo!
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Se você quiser xingar alguém...
Marcadores:
Altair Aranha,
bicho-do-mato,
desbocado,
insulto,
mentecapto,
topetudo,
xingamento,
xingar
domingo, 15 de abril de 2012
Uma poeta polonesa
Li um poema de Wislawa Szymborska (1923-2012) na ocasião em que esta escritora polonesa ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1996. No ano passado, a Cia. das Letras publicou uma coletânea de seus poemas, com tradução de Regina Przybycien.
A impressão que tive 15 anos atrás se confirmou. A poeta conhece por dentro o drama de termos nascido humanos. Num de seus poemas, bate à porta da pedra. Pede para entrar. A pedra não abre, alegando que está fechada, que não tem portas, que continuará vivendo de costas para a poeta.
Proibida de entrar no mundo da pedra, também não conseguirá entrar no mundo da folha ou da gota d'água. Pior do que estar num beco sem saída é não poder sequer entrar. Recusas experimentamos sempre.
Para ela, há um ou dois poetas em cada grupo de mil pessoas. Dado intuitivo, impossível de contestar ou corroborar. Mas certamente ela é uma poeta.
E vejam este poema:
A impressão que tive 15 anos atrás se confirmou. A poeta conhece por dentro o drama de termos nascido humanos. Num de seus poemas, bate à porta da pedra. Pede para entrar. A pedra não abre, alegando que está fechada, que não tem portas, que continuará vivendo de costas para a poeta.
Proibida de entrar no mundo da pedra, também não conseguirá entrar no mundo da folha ou da gota d'água. Pior do que estar num beco sem saída é não poder sequer entrar. Recusas experimentamos sempre.
Para ela, há um ou dois poetas em cada grupo de mil pessoas. Dado intuitivo, impossível de contestar ou corroborar. Mas certamente ela é uma poeta.
E vejam este poema:
As três palavras mais estranhas
Quando pronuncio a palavra Futuro,
a primeira sílaba já se perde no passado.
Quando pronuncio a palavra Silêncio,
suprimo-o.
Quando pronuncio a palavra Nada,
crio algo que não cabe em nenhum não ser.
Marcadores:
Cia. das Letras,
ler,
pensar e escrever,
Prêmio Nobel de Literatura,
Regina Przybycien,
Wislawa Szymborska
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Um livro animal
A vida de Pi, de Yann Martel (Editora Nova Fronteira, 2010), é um livro animal. No sentido da gíria, porque é um livro fantástico, fora de série, mas também porque trata de animais... e de seres humanos, perigosos animais que somos.
O protagonista é o garoto indiano Piscine Molitor Patel. Seu apelido é Pi, e sua vida gira em torno de religiões e bichos. Pi aprendeu que num jardim zoológico os animais observam os visitantes humanos com tanta ou maior curiosidade do que nós a eles. E não alimenta a ilusão de que javalis, macacos e elefantes, nas jaulas, estejam em situação pior do que na selva, onde predadores, parasitas e outros perigos tornam tão estressante a vida animal.
O livro se torna ainda mais interessante na parte 2, quando, depois de um naufrágio, Pi se vê num bote salva-vidas, no meio do oceano Pacífico, em convivência forçada com uma hiena traiçoeira, uma zebra, uma orangotango e o terrível (e faminto!) tigre de bengala chamado Richard Parker.
É uma aventura mística, afinal, em que se misturam medo e alegria, dúvida e fé, desespero e esperança. O desenlace surpreende.
O protagonista é o garoto indiano Piscine Molitor Patel. Seu apelido é Pi, e sua vida gira em torno de religiões e bichos. Pi aprendeu que num jardim zoológico os animais observam os visitantes humanos com tanta ou maior curiosidade do que nós a eles. E não alimenta a ilusão de que javalis, macacos e elefantes, nas jaulas, estejam em situação pior do que na selva, onde predadores, parasitas e outros perigos tornam tão estressante a vida animal.
O livro se torna ainda mais interessante na parte 2, quando, depois de um naufrágio, Pi se vê num bote salva-vidas, no meio do oceano Pacífico, em convivência forçada com uma hiena traiçoeira, uma zebra, uma orangotango e o terrível (e faminto!) tigre de bengala chamado Richard Parker.
É uma aventura mística, afinal, em que se misturam medo e alegria, dúvida e fé, desespero e esperança. O desenlace surpreende.
Marcadores:
A vida de Pi,
animais,
animal,
escrever,
hiena,
jardim zoológico,
ler,
orangotango,
pensar,
religiões,
tigre de bengala,
Yann Martel,
zebra
Assinar:
Postagens (Atom)