Por uma dessas coincidências que não são "meras", estava ontem no Rio de Janeiro, de passagem, e deparei com a tradicional Feira do Livro na Cinelândia. Tentação maior não há ver tantos livros ao ar livre.
As barracas são fragmentos de uma época em que visitar sebos era aventura arqueológica. Agora vendem-se até livros novos! Mas encontrei, por exemplo, por 5 reais, um livro esgotado, cara e capa de alfarrábio. Ele me olhou, pedindo que o levasse dali.
Nem tão velho assim. É de 1995 (publicado pela Paz e Terra, com tradução de Cláudia Schilling). Apenas 20 anos de existência: O que é uma obra?, do polêmico filósofo francês Michel Guérin, autor distante das estantes brasileiras.
E não é que o livro fala de si mesmo?
À medida que aspira à imortalidade e, portanto, quer o tempo, faz parte da essência da obra expor-se ao perigo. Isso significa ao mesmo tempo que a destruição lhe é extrínseca e que a ameaça de supressão atesta, paradoxalmente, sua integridade. Dado ser a degradação imanente aos objetos de consumo, a abolição da obra, que só pode provir de forças externas, por não poder diminuí-la, engoli-la, só consegue desenraizá-la brutalmente da existência. Não seria um paradoxo? (págs. 82-83)
A situação na qual você encontrou esse livro e essa citação são absurdamente ligadas! Eu, como uma leitora apaixonada, acredito que encontramos certos livros no momento certo e temos com eles uma conexão imediata. Você também deve pensar da mesma forma, não?
ResponderExcluirSó gostaria de dizer que foi assim que me senti quando li 'Ler, pensar e escrever' pela primeira vez em 2012. E novamente, em 2015, como releitura. É um texto carinhoso e muito perceptivo a respeito do que são todas essas etapas que passamos como leitores. Obrigada!
Fiquei curiosa para saber mais sobre esse livro, talvez quando as férias chegarem, eu o procure!
Abraços, Izabela.
http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/