A educação que insiste na linearidade, na submissão e na homogeneização, nas avaliações padronizadas, nas aulas instrucionistas e nos discursos do pedagogês é uma educação fadada ao fracasso. Aliás, já fracassou. Para renovar o sistema educacional (no mundo inteiro) é necessário repensar o pensamento, reimaginar as imagens, recriar a criatividade. Paradigmas e paradogmas merecem nossa crítica. Reinventaremos as condições de nossos alunos para que eles possam reinventar o nosso futuro? Isso e muito mais no livro Libertando o poder criativo, de Ken Robinson, um dos mais influentes pensadores da área educacional hoje em dia, e sobre quem falei em outra postagem deste blog. O novo livro de Robinson (publicado entre nós em 2012) tem o selo da HSM Editora, com tradução de Rosemarie Ziegelmaier. O autor reúne algumas qualidades: clareza, precisão, bom humor, otimismo. Leitura revitalizante. Todos temos talentos inexplorados. O maior desperdício está nas salas de aula e também dentro de nossas casas. Engavetamos ou encarceramos capacidades imensas de criatividade. Estar vivo é um privilégio. Poder desenvolver a nossa criatividade é uma urgência! Entre os caminhos a ser trilhados, está o de conhecermos melhor nossas paixões e talentos pessoais, e saber colocá-los em jogo. Qual o seu pendor natural? Para onde se inclina o seu interesse, o seu olhar, a sua mente? Temos de fazer uma arqueologia para redescobrir os sonhos soterrados. Limpá-los da frustração. Mas, com relação às crianças e jovens, trata-se de não enterrar suas aptidões. A curiosidade não deve ser amordaçada em nome do boletim escolar ou da disciplina. A propósito, a autodisciplina se faz quando fazemos aquilo que nos valoriza como seres criativos.
A editora Bertrand Brasil lançou recentemente Como viver em tempo de crise?, de Edgar Morin e Patrick Viveret (trad. de Clóvis Marques). Morin fala sobre o imprevisível, sobre a complexidade que, de algum modo, joga a nosso favor. Tudo está ameaçado, mas nem tudo está perdido. O filósofo Viveret, mais prolixo do que Morin, também aborda as ameaças e possibilidades do futuro. Ambos em tom ensaístico, erudição na medida certa, clareza de expressão, evitando euforia e depressão, e cultivando uma discreta esperança. Estamos em crise. Todos sabem que a crise está instalada. Uma crise de mil facetas. A primeira década do século XXI não foi o fim do mundo, mas o começo do fim de uma etapa planetária. Estamos em pleno apocalipse, lembrando que essa palavra significa "revelação". As dores revelam problemas e soluções. Soluções surpreendentes. Livro curto (não chega a 80 páginas), porém nada grosso. Os autores são sutis. Abordam as tragédias com delicadeza. Sugerem, indicam, não fazem profecias, mas não desistem de apostar num mundo melhor.