segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Leminski — seus ensaios ansiosos

A Editora da Unicamp faz circular de novo textos excelentes de Paulo Leminski (1944-1989). São estes Ensaios e anseios crípticos (2011). Saíam em jornais e revistas. E quem os lia? Ou quem os lê? Leminski observava que escrever em português é viver no exílio.

Conta-se que o escritor espanhol Miguel de Unamuno aprendeu dinamarquês para ler Søren Kierkegaard no original. Que Marx estudou a língua russa para ler no original as obras de literatura que espelhavam as relações sociais naquele país. O escritor carioca Alberto Mussa estudou árabe para ler poesia pré-islâmica no original. Mas... e o português, quem vai correr atrás?

Leminski, no livro, lembra que Ezra Pound aprendeu português para ler Os Lusíadas no original. E que (segundo a lenda...) Erasmo de Rotterdam fez o mesmo para saborear Gil Vicente no original...

Quem adquirir esses anseios em forma de ensaios, leia a crônica "Os perigos da literatura", para descobrir doenças como o complexo de Castro Alves, o mal de Drummond, a síndrome de Borges, a paralisia Cabralina.

Literatura é doença das boas. Leminski traduzia. E acreditava ao mesmo tempo que toda tradução é uma impossibilidade. Seria esta a gripe Leminski?

2 comentários:

  1. Muito bacana essa definição de Leminski sobre a literatura! E bacanérrimo também é seu blog, Gabriel. Já atuei como professora de língua portuguesa em escolas públicas, mas atualmente trabalho esporadicamente como tal em cursos profissionalizantes e pré-vestibulares, além de revisar textos acadêmicos e profissionais. É um prazer segui-lo! Abraços poéticos!!

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